O MUNDO DOS SURDOS SOB UM NOVO OLHAR:
UMA PERSPECTIVA SÓCIO-LINGÜÍSTICO-CULTURAL
“Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito …
quando eu rejeito a língua, eu rejeito a pessoa, porque a língua
é parte de nós mesmos…
é parte de nós mesmos…
Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo.
Nós não devemos mudá-lo, devemos ensiná-lo, ajudá-lo, e é
importante considerar que o surdo tem o direito de ser surdo”.
importante considerar que o surdo tem o direito de ser surdo”.
BASILIER, Terje. (psiquiatra norueguês)
Embora tenhamos um número significativo de surdos
convivendo conosco em nossa sociedade, a grande maioria das pessoas é
completamente ignorante e impassível em relação à Surdez.
convivendo conosco em nossa sociedade, a grande maioria das pessoas é
completamente ignorante e impassível em relação à Surdez.
A história, língua e cultura dos surdos ainda são domínios
estranhos e inexplorados pela maioria dos profissionais da educação, das
ciências médicas e humanas.
estranhos e inexplorados pela maioria dos profissionais da educação, das
ciências médicas e humanas.
Esse é um dos fatores que contribuiu com a construção e difusão
de diversas idéias ingênuas, errôneas e equivocadas sobre o Mundo dos Surdos.
de diversas idéias ingênuas, errôneas e equivocadas sobre o Mundo dos Surdos.
A falta de conhecimento e informações concisas e verdadeiras
sobre a Surdez marcou a história com um conjunto de teorias, conceitos e
práticas que desrespeitaram a própria humanidade dos surdos. No entanto, os
surdos não deixaram de ser sujeitos de sua própria história caracterizada por
suas lutas, resistências e conquistas.
sobre a Surdez marcou a história com um conjunto de teorias, conceitos e
práticas que desrespeitaram a própria humanidade dos surdos. No entanto, os
surdos não deixaram de ser sujeitos de sua própria história caracterizada por
suas lutas, resistências e conquistas.
Atualmente, ao olharmos para o Mundo dos Surdos, precisamos
considera-lo sob uma nova perspectiva, sócio-lingüístico-cultural, que nos
ensinou a ‘apreciar’ o ‘universo do silêncio’ em seus próprios termos, ou seja,
a nos despir de todo etnocentrismo ouvintista, que a sociedade forjou em nós,
para mergulharmos em um universo inefável repleto de novidades e surpresas
inimagináveis.
considera-lo sob uma nova perspectiva, sócio-lingüístico-cultural, que nos
ensinou a ‘apreciar’ o ‘universo do silêncio’ em seus próprios termos, ou seja,
a nos despir de todo etnocentrismo ouvintista, que a sociedade forjou em nós,
para mergulharmos em um universo inefável repleto de novidades e surpresas
inimagináveis.
A história da educação, por exemplo, evidenciou a prática de uma
‘pedagogia da exclusão’ que se encarregou de tratar os indivíduos ‘diferentes’
através de uma visão patológica.
‘pedagogia da exclusão’ que se encarregou de tratar os indivíduos ‘diferentes’
através de uma visão patológica.
Fundamentados em uma postura estritamente clínica e
etnocêntrica, a maioria dos educadores tratou a diversidade humana como uma
deficiência que deveria ser erradicada.
etnocêntrica, a maioria dos educadores tratou a diversidade humana como uma
deficiência que deveria ser erradicada.
Os surdos são um bom
exemplo dessa discriminação social que os estigmatizou como doentes,
‘incompletos’, anormais e incapazes.
exemplo dessa discriminação social que os estigmatizou como doentes,
‘incompletos’, anormais e incapazes.
Esses sujeitos foram vistos, e infelizmente, por alguns, ainda o são,
como ineficientes e inaptos a aprender
ou a se comunicar, e não como pessoas capazes e com direitos humano-político-sociais,
como por exemplo, o direito à dignidade e à liberdade de escolha.
ou a se comunicar, e não como pessoas capazes e com direitos humano-político-sociais,
como por exemplo, o direito à dignidade e à liberdade de escolha.
Segundo essa visão patológica, os surdos deviam ser ‘protegidos’
pela sociedade ouvinte, e ‘formados’ para se tornarem como os ouvintes e
poderem ser integrados aos padrões homogeneizantes das relações sociais.
pela sociedade ouvinte, e ‘formados’ para se tornarem como os ouvintes e
poderem ser integrados aos padrões homogeneizantes das relações sociais.
Contudo, não podemos reduzir a realidade dos surdos às
aspirações e modelos padronizadores propostos por uma sociedade ouvinte que
ainda tem a surdez como uma incógnita, ou melhor, como uma deficiência a ser
eliminada.
aspirações e modelos padronizadores propostos por uma sociedade ouvinte que
ainda tem a surdez como uma incógnita, ou melhor, como uma deficiência a ser
eliminada.
As novas investigações sobre a surdez demonstraram-nos que ela
não deve ser vista como uma patologia, mas, sim, como um fenômeno cultural.
não deve ser vista como uma patologia, mas, sim, como um fenômeno cultural.
Segundo Hilde Schlesinger e Katrin Meadow, “a surdez profunda na
infância é mais do que um diagnóstico médico, é um fenômeno cultural com
padrões e problemas sociais, emocionais, lingüísticos e intelectuais que estão
inextricavelmente ligados”.
infância é mais do que um diagnóstico médico, é um fenômeno cultural com
padrões e problemas sociais, emocionais, lingüísticos e intelectuais que estão
inextricavelmente ligados”.
A educação que foi dispensada aos Surdos no decorrer de sua
história enfatizou excessivamente o ensino da fala e a ‘leitura labial’ como
possíveis instrumentos de devolução da dignidade humana.
história enfatizou excessivamente o ensino da fala e a ‘leitura labial’ como
possíveis instrumentos de devolução da dignidade humana.